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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

CAICÓ – APONTAMENTOS PARA UMA MONOGRAFIA HISTÓRICO-DESCRITIVA

1. DEVASSAMENTO DO TERRITÓRIO 

A história do povoamento inicial de Caicó está íntima e inseparavelmente ligada à de toda a região seridoense e â de alguns municípios do Estado da Paraíba. Entretanto, é de crê-se que os fundamentos iniciais da colonização tenham sido lançados por volta de 1700, pelos batedores paraibanos, que aqui vieram dando caça aos índios caicós, que habitavam nas proximidades da confluência do rio Barra Nova com o Seridó. 

Expulsos os indígenas, vieram os plantadores de fazendas, ajudados pelo negro, para continuar a obra de desbravamento, esquadrinhando o território e fazendo surgir os primeiros núcleos demográficos, fundamentalmente ligados à criação de gado bovino. 

Em 1748, quando toda a região do Seridó, ainda pertencia à freguesia de Piancó/PB, já era conhecida a povoação de Caicó, também denominada Seridó, possivelmente plantada no local que seria mais tarde a atual cidade de Caicó. Essa povoação, que parece ter sido a mais antiga do município, é citada em carta dirigida a Dom José Tomaz de Melo, governador de Pernambuco, datada de 1787 e subscrita pelo desembargador Antonio Felipe Soares de Andrade Brederodes, carta essa defendendo a elevação da povoação ao predicamento de vila. A esse tempo, já a predominação de Seridó, existia também o topônimo Caicó, nome que vem citado em um documento atinente â instalação da Freguesia, de 1748, registrado no Livro de Tombo da Catedral de Caicó, e também mencionado em uma concessão de sesmaria feira em 7 de setembro de 1736, ao Capitão Inácio Gomes da Câmara. 

2. TRADIÇÃO ORAL  E LENDAS 

A tradição oral relata um colorido de lendas a respeito do nascimento da primeira povoação do município. Transcrevemos aqui uma delas, a mais bela de todas, colhida por Manuel Dantas: “Quando o sertão era virgem, a tribo dos Caicós, célebre pela sua ferocidade e considerada invencível, porque Tupã vivia ali, encarnado num touro bravio que habitava um intrindado mufumbal, existente no local onde hoje se acha edificada a cidade de Caicó.
Destroçada a tribo, permaneceu intacto o misterioso mufumbal, morada de um Deus, mesmo selvagem. 
Conta a tradição que, certo dia, um vaqueiro inexperto, penetrando no mufumbal , viu-se de repente atacado pelo touro sagrado que iria, indubitavelmente matá-lo. Rapidamente inspirado, o vaqueiro fez um voto a Nossa Senhora Santana, prometendo construir ali uma capela, se o livrasse de tamanho perigo. 
Como por encanto, o touro desapareceu, O vaqueiro destruiu a mata e logo iniciou a construção da capela. 
O ano era seco e a única aguada existente era a de um poço no rio Seridó. O vaqueiro fez novo voto a Santa para que o poço não secasse antes de construída a capela e o poço de Santana, como ficou denominado, nunca mais secou. 
Reza a lenda que o espírito do Deus dos índios, expulso do mufumbal, foi se abrigar no poço, encarnando-se no corpo de uma serpente enorme, que destruirá a cidade quando o poço secar ou, quando as água do rio Seridó, numa cheia pavorosa, chegarem até o altar-mor da matriz(hoje catedral) de Caicó, onde se venera a imagem da mãe de Nossa Senhora. 

Nota: Extraída da Monografia de Caicó, publicada pelo autor, no Boletim Bibliográfico da Biblioteca Pública Municipal de Mossoró, em 1949.

Fonte: Flagrantes das Várzeas do Apodi – José Leite(Separata de Pré-Lançamento)