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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Um mugido - Gilberto Costa

Um mugido desperta meus ouvidos.
Estava distraído, lendo um livro.
Marco a página, olho a paisagem.
Um partido de palmas atrai a manada.
Escuto aboios, escuto chocalhos.
Os cascos do gado deslizam nos cascalhos.
Sigo ouvindo mugidos parecidos com festa.
Imagino um concerto no pé da serra!

Gilberto Costa
Da Série ABSTRAÇÕES DA JANELA DO ÔNIBUS

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O juazeiro - Gilberto Costa

A caatinga não é somente imagens
De árvores retorcidas, tecidas no luto da seca.
Há folhagens encopadas e fornidas,
Unidas em seus galhos sempre verdes.
É dele a saponina, espuma para pasta de dente.
É dele o juá, rico em vitamina C,
Parecido com um pingente.
Seus ramos trazem sorte,
Saúde, paz e dinheiro.
É o juazeiro resistindo à intempérie
Com sombra de grande porte,
Presente o ano inteiro.

Gilberto Costa
Da Série ABSTRAÇÕES DA JANELA DO ÔNIBUS

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Até me ver sorrindo de ser - Gilberto Costa

Chego ao fim de mais um dia
Como outros dias passados.
Chego sem ter lembrado
De ter visto o sol nascer.
Chego ao fim de mais um dia
Na companhia do entardecer.
Chego e meu cotidiano
Nada faz acontecer.
Chego e a rotina se repete
Em quase me desvanecer.
Chego e a razão do sacrifício
Tem um início de amanhecer.
Chego e consigo tecer minha teia
À meia-luz do prazer.
Chego e olho, até me ver sorrindo de ser!

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Poesias de mim - Gilberto Costa

Poesias num simples papiro.
Poesias como se fosse um suspiro.
Poesias quando no sonho transpiro.
Poesias de inspirações únicas.
Poesias que não deixam dúvidas.
Poesias em linhas curvas.
Poesias dos sons da vida.
Poesias que a oração convida.
Poesias do alívio de meus dias.
Poesias que gestam poesias
Em pooesias de minhas cercanias.
Poesias que me produzem palmas.
Poesias do alimento de minha alma.
Poesias! Poesias!Poesias!
O que seria de mim sem poesias!
Nenhum dia nasceria em mim sem poesias.
Poesias de meu abrigo seguro.
Poesias de que me curo.
Poesias para pensar o futuro.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Os caminhos - Gilberto Costa

Quem inventou os caminhos?
Não sei. Antes de eu nascer,
Meus pais já andavam por eles.
Hoje, os caminhos estão mais limpos.
Quase todos os seus espinhos
Encontram-se cravados em meus pés.
Não receiem os caminhos, meus filhos.
Eles apontam sonhos. Tentem segui-los.

domingo, 11 de dezembro de 2016

Meu sertão - Gilberto Costa

Não há intempérie, em série,
Que desabrigue Meu Sertão.
Meu Sertão é casca dura.
Meu Sertão, além da quentura,
É semeadura, é fartura
E dura enquanto a chuva cai.
Meu Sertão tem suas cores
Visto na exposição das flores
De sua mata nativa.
Meu Sertão atrai vida!
Meu Sertão se veste de Jurema
No mesmo canto que geme a ema!
Meu Sertão se ornamenta
Com pingentes de juazeiro.
Sua beleza se sustenta
Com as galinhas de pereiro.
Meu Sertão tem velames!
Meu Sertão tem exames
Para adoçar as amarguras!
Meu Sertão é Algodão Mocó!
Meu Sertão é Seridó!
Meu Sertão é de Sant'Ana
No manto da jitirana!

sábado, 10 de dezembro de 2016

As crenças - Gilberto Costa

A serra amanheceu envolta num manto branco.
Meus olhos se enchem de espanto.
Para isso deve haver um significado, penso.
No sertão não faltam histórias
E tudo é muito bem explicado.
Rogo a atenção de um senhor ao meu lado.
Ele me fala em sinais dos tempos.
Sua resposta me deixa imerso,
Junto meus pensamentos dispersos.
Entre a janela e a serra
Há um vestígio de rio.
Ensaio um desafio ao estio.
Calo-me ante o que me foi dito.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

O silêncio - Gilberto Costa

O sertão se desfaz de seu barulho.
O monturo está mais rústico.
O silêncio faz companhia à estiagem,
Os pássaros perderam seu grave.
Os chocalhos largaram o pescoço do gado.
Onde haviam cascos, há vestígios no pasto.
Os aboios se foram.
Restaram as sombras dos chapéus de couro.