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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Ser para ser sonho - Gilberto Costa

O sonho não pode ter repouso.
Ele precisa sonhar todo dia.
O sonho precisa estar no pensar!
O sonho precisa estar no agir!
Estar no nascente ao acordar;
Estar no poente ao dormir!
O sonho precisa estar no amor,
Estar no sentimento e no devir!
Estar no ir, no vir e no caminhar
Para que não possa se cansar!
O sonho precisa estar no olhar
Para fazer os olhos brilharem!
O sonho precisa estar na alma
Para que se possa enxergá-la!
O sonho precisa se fazer entender;
O sonho não é só um simples querer.
É preciso ser para ser sonho!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Reflexões - Gilberto Costa

Chega o momento do descanso,
Do amanso do remanso
Caudaloso! Do vigoroso
Domado, de meu resguardo,
Guardado no canto do repouso!
Chega o momento de refletir,
De sentir que não há mais partir!
E que a fantástica mágica
Do encanto que se fazia canto,
Em qualquer canto, não se pode mais ouvir!
Chega o momento do ritmo
íntimo se fazer mais tímido.
Mais legítimo! Mais sentido!
Mais curtido! Mais convencido
De que valeu o caminho percorrido

domingo, 14 de dezembro de 2014

Apenas canetas - Gilberto Costa

Tem gente que nasce em berço de ouro!
Tem gente que tem galinhas de ouro!
Tem gente que ganha medalhas de ouro!
Tem gente que pega naipes de ouro!
Tem gente que faz bodas de ouro!
Tem gente coberta de ouro!
Tem gente que desfila na Rosas de Ouro!
Eu tenho um chapéu de couro!
Eu tenho um Gibão-de-Couro!
Eu tenho uma cela de couro!
Eu tenho um laço de couro!
Eu tenho um chinelo de couro!
Eu tenho um uru de couro!
Eu tenho um baú de couro!
Eu nasci na seca de pérolas pretas!
Eu tenho apenas algumas canetas!

sábado, 13 de dezembro de 2014

O jumento é nosso irmão - Gilberto Costa

Como diz mestre Luiz:
"O Jumento é nosso irmão"!
Todo dia está presente
Nessa lida do Sertão.
Carregando enorme carga,
De seu dono não se larga;
Aguenta qualquer rojão!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Meu tempo de criança - Gilberto Costa

Inventei poesias nas areias
Do Seridó! Com pedaços de cipós,
Escrevi versos nos lençóis
Tecidos na fiação de suas cheias.
Eram versos inocentes!
Versos que em estágio tenro
Não resistiam ao sopro do vento!
Versos que em diáspora se desfaziam
De seu intento de harmonia!

Inventei poesias nos barreiros!
Versos sufocados pelos cascos
Do gado! Versos ciscados
Pelos pássaros na lousa D'água!
Versos pintados pelos pingos
Das chuvas! Versos desenhados
Pelos mimos, nas revoadas
Das garças! Versos sinuosos,
Escritos no dorso das Jararacas!
Versos do hálito das Ticacas!

Inventei poesias no leito do Rio!
Rimas encolhidas de frio!
Rimas nas revensas das cacimbas!
Rimas nas locas das pedras
- As pedras redonda e piscina -
Rimas no remanso! No estreito!
Rimas nas canetas de gravetos
Das plantas do meu respeito!

Canetas de faveleiras!
Canetas de mameleiro!
Canetas no celeiro da Ilha
No Serrote da Cruz de Sebastião!

Inventei poesias no maior Galão
Dos dois braços do Seridó!
Estrofes nos capuchos do Mocó!
Estrofes no despertar do Carijó!
Estrofes nos fardos de Carnes-de-sol!
Estrofes das minhas remembraças!
Estrofes do meu tempo de criança!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Gratidão as minhas marcas - Gilberto Costa

Quero luzir no fundo da alma
Todas as marcas marcadas
Nas passadas, entre a Capelinha
E a ponte do Rio Seridó!
São marcas não somente minhas.
São marcas esperneadas
Na manjedoura cercada por currais
De estacas de juremais
No melhor pedaço da cidade!
Marcas no celeiro iluminado
Por sonhos sonhados e realizados
Nos espaços da tenra idade!

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Era o que era - Gilberto Costa

Nossa Casa Grande era uma tapera;
Nossa cama uma tipóia amarela!
Nossa seda era um corte de mescla;
Nosso guarda-roupa um saco de estopa!
Nosso calçado era uma zapragata de rabicho;
Nossa Árvore de Natal restos de lixo!
Nossa geladeira era um pote na Cantareira;
Nosso chuveiro goteiras nas telhas!
Nossa garrafa térmica era uma cabaça;
Nossa mistura carne de caça!
Nosso televisor era o sol e as estrelas;
Nosso computador nossa própria memória!
Nossa vitrola era o choro das crianças;
Nossa segurança um cachorro sarnento!
Nosso automóvel era o lombo de um jumento;
Nosso despertador um galo barulhento!
Nosso vinho era o Ki Suco de Uva;
Nossa esperança as águas da chuva!
Nosso Grande Livro era a Caderneta da Bodega;
Nossa leitura a poeira das léguas!
Nosso abajur era um lampião a gás;
Nossa vaidade a imagem da paz!
Nosso maior sonho era um dia ser gente;
Nossa felicidade ser gente decente!

Gilberto Costa

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

As escolhas da juventude mudam a história - Gilberto Costa

As escolhas da juventude
Têm mudado a história.
A atitude dos jovens
Está guardada na memória.
E ocorrendo na cidade
Demonstram maturidade
Dos passos para a vitória!

PAGU na adolescência
Estimulou a emancipação
Feminina com ousadia
E encantou sua geração.
Sua coragem ainda encanta,
Seu grito em outra garganta
Governa hoje a Nação.

Aos 15 anos ZUMBI
Dos Palmares reivindicou
A liberdade com seu Quilombo,
Lutou e não se intimidou.
Nunca perdeu a esperança
De ver um dia a intolerância
Não poduzindo mais dor.

CHICO MENDES desde cedo
Nunca demonstrou ter medo
Na defesa da floresta.
Utilizou as palavras,
A mais rara das armas;
Seu legado o mundo atesta.
A América conheceu
Ainda jovem Guevara.
Em uma motocicleta
Ao mundo mostrou a cara.
Endureceu com ternura,
Mostrou não ser aventura
Aquela atitude rara!


segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Política - Gilberto Costa

Saber ouvir e falar
E o outro respeitar,
Ouvindo a sua crítica.
Cada um tendo o direito
De defender seu conceito,
Sua visão analítica.
Eis aqui toda a essência
Da arte e da ciência
Que chamamos de política!
Por isso como petista
foi assim que sempre fiz.
Expondo pontos de vista
Mas como enterno aprendriz.
Bsucando caminho, pista
E a correta diretriz.
Militante ativista
Sem medo de ser feliz!


domingo, 7 de dezembro de 2014

13 pretensões para a cidade - Gilberto Costa

Que a miséria chegue logo ao fim;
Que o emprego seja não só pra mim.
Que os salários sejam de mais gente;
Que o Município olhe o mais carente.
Que a educação seja para todos;
Que a saúde não seja só socorro.
Que a segurança nos dê liberdade;
Que nos livremos da praga do crack.
Que as crianças tenham mais creches;
Que as famílias morem em suas casas;
Que o campo não viva só de preces.
Que o crédito seja mais das massas;
Que no Estado Caicó dê as cartas!

Gilberto Costa - poeta caicoense

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A promessa de Lampião a São Sebastião em Caicó


Lampião devia uma promessa feita a São Sebastião, na cidade de Caicó. Incomodava-o essa dívida e a dificuldade em sempre adiar o seu pagamento. Até que chega o momento de honrar seu compromisso, conforme acordado em seu juramento numa noite no matagal de Sergipe. E partem Lampião e Maria Bonita num helicóptero patrocinado pelo Padre Cícero, numa noite de janeiro, com destino à Capelinha de São Sebastião, no Serrote da Cruz. A estadia de um dia do casal se dera no mais absoluto anonimato. 

No sábado, arrancham-se na Casa de Pedra de Elias de Zé do Padre e ao finalzinho da tarde decidem banhar-se nas águas do Poço de Sant’Ana. São recepcionados pela sereia que não disfarça sua afeição pelo Rei do Cangaço, dando-lhe todo o gás e isolando Maria Bonita. A companheira de Lampião, incomodada com o assédio ao seu amado, promove uma cena de ciúmes tão forte que desperta o touro bravio que se encontrava adormecido nos mofumbais. Se não fosse a intervenção do vaqueiro com sua prece, as águas do poço teriam se tingido de vermelho.
Pacificados os ânimos, retornam ao à Casa de Pedra onde lhes é oferecido um jantar. Comem carne-de-sol! Arroz de Leite! Feijão Macassar! Queijo de Coalho! Filós de Batata com Mel de Rapadura, Coalhada de Leite de Cabra, enfim banqueteiam-se fartamente da hospitalidade. Após a ceia, é-lhes oferecido duas redes para descansarem da viagem. Lampião, como de costume, puxa um fole e toca até por volta das 22h00mm, quando lembra aos donos da casa do compromisso motivador do casal se encontrar ali. 

Peregrinam rumo ao Serrote da Cruz, observados à distância por João de Ananias e Pinguim, sem serem notados. Chegando lá, ficam a admirar a cidade do alto da Capelinha de São Sebastião até serem surpreendidos por um forte vento vindo da Muriçoca. O vento apaga a chama de Lampião e a escuridão toma conta do santuário. Atordoado, o casal se vê indefeso e um medo até então nunca sentido toma conta dos aguerridos cangaceiros. Pensando tratar-se de uma emboscada, correm em busca da aeronave que se encontrava no Estádio Boca Quente e retornam ao Juazeiro, em busca da proteção do Padim Padre Cícero.

Aquele ocorrido passa a perseguir Lampião. Ele começa a ter sonhos indecifráveis e uma inquietude cotidiana rouba-lhe a paz. Resolve confessar-se com seu Padim Padre Cícero e um encontro é marcado para agosto. Em julho as forças volantes de Alagoas impedem que esse desejo se concretize. 
E assim não sabe do porquê de Lampião ter feito uma promessa a São Sebastião, no Alto da Capela do Serrote da Cruz!

Por Gilberto Costa - pesquisador da história caicoense.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Chaves - João Medeiros

Ironia ou sarcasmo...
Sua personalidade...
Personagem singular...
Mesclando ingenuidade...
Seu Madruga, irritando..
E o povo alegrando,
Os fãs de toda idade

João Medeiros - poeta caicoense

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Genealogia - João Medeiros

“Ciência do parentesco”,
Á historia, auxilia...
A nossa evolução,
A “árvore da nostalgia’.
Estudo de nossa origem
Tem-se na “Genealogia”!

João Medeiros - poeta caicoense.

domingo, 23 de novembro de 2014

Caicó - João Medeiros


Município brasileiro,
Do Rio Grande do Norte,
Duma gente firme e forte,
Povo amigo e companheiro.
Destemido e verdadeiro,
Ante a sua cultura,
Vê-se na fé, e bravura,
Oficio e luta diária,
Eficaz na pecuária,
Bordado e agricultura.


João Medeiros - poeta caicoense.

Poemas e poesias





quinta-feira, 9 de outubro de 2014

CAICÓ – APONTAMENTOS PARA UMA MONOGRAFIA HISTÓRICO-DESCRITIVA

1. DEVASSAMENTO DO TERRITÓRIO 

A história do povoamento inicial de Caicó está íntima e inseparavelmente ligada à de toda a região seridoense e â de alguns municípios do Estado da Paraíba. Entretanto, é de crê-se que os fundamentos iniciais da colonização tenham sido lançados por volta de 1700, pelos batedores paraibanos, que aqui vieram dando caça aos índios caicós, que habitavam nas proximidades da confluência do rio Barra Nova com o Seridó. 

Expulsos os indígenas, vieram os plantadores de fazendas, ajudados pelo negro, para continuar a obra de desbravamento, esquadrinhando o território e fazendo surgir os primeiros núcleos demográficos, fundamentalmente ligados à criação de gado bovino. 

Em 1748, quando toda a região do Seridó, ainda pertencia à freguesia de Piancó/PB, já era conhecida a povoação de Caicó, também denominada Seridó, possivelmente plantada no local que seria mais tarde a atual cidade de Caicó. Essa povoação, que parece ter sido a mais antiga do município, é citada em carta dirigida a Dom José Tomaz de Melo, governador de Pernambuco, datada de 1787 e subscrita pelo desembargador Antonio Felipe Soares de Andrade Brederodes, carta essa defendendo a elevação da povoação ao predicamento de vila. A esse tempo, já a predominação de Seridó, existia também o topônimo Caicó, nome que vem citado em um documento atinente â instalação da Freguesia, de 1748, registrado no Livro de Tombo da Catedral de Caicó, e também mencionado em uma concessão de sesmaria feira em 7 de setembro de 1736, ao Capitão Inácio Gomes da Câmara. 

2. TRADIÇÃO ORAL  E LENDAS 

A tradição oral relata um colorido de lendas a respeito do nascimento da primeira povoação do município. Transcrevemos aqui uma delas, a mais bela de todas, colhida por Manuel Dantas: “Quando o sertão era virgem, a tribo dos Caicós, célebre pela sua ferocidade e considerada invencível, porque Tupã vivia ali, encarnado num touro bravio que habitava um intrindado mufumbal, existente no local onde hoje se acha edificada a cidade de Caicó.
Destroçada a tribo, permaneceu intacto o misterioso mufumbal, morada de um Deus, mesmo selvagem. 
Conta a tradição que, certo dia, um vaqueiro inexperto, penetrando no mufumbal , viu-se de repente atacado pelo touro sagrado que iria, indubitavelmente matá-lo. Rapidamente inspirado, o vaqueiro fez um voto a Nossa Senhora Santana, prometendo construir ali uma capela, se o livrasse de tamanho perigo. 
Como por encanto, o touro desapareceu, O vaqueiro destruiu a mata e logo iniciou a construção da capela. 
O ano era seco e a única aguada existente era a de um poço no rio Seridó. O vaqueiro fez novo voto a Santa para que o poço não secasse antes de construída a capela e o poço de Santana, como ficou denominado, nunca mais secou. 
Reza a lenda que o espírito do Deus dos índios, expulso do mufumbal, foi se abrigar no poço, encarnando-se no corpo de uma serpente enorme, que destruirá a cidade quando o poço secar ou, quando as água do rio Seridó, numa cheia pavorosa, chegarem até o altar-mor da matriz(hoje catedral) de Caicó, onde se venera a imagem da mãe de Nossa Senhora. 

Nota: Extraída da Monografia de Caicó, publicada pelo autor, no Boletim Bibliográfico da Biblioteca Pública Municipal de Mossoró, em 1949.

Fonte: Flagrantes das Várzeas do Apodi – José Leite(Separata de Pré-Lançamento)