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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Distrito Laginhas

Espaço destinado a postagens sobre o Distrito de Laginhas, localizado no municipio de Caicó.

sábado, 3 de outubro de 2015

Por que o caicoense fala tão alto?

*Por Ciduca Barros 




O grande caicoense Dr. José Augusto Bezerra de Medeiros afirmou certa vez que “o Seridó é uma civilização”. Concordo plenamente, e ainda acrescento que, dentro dessa civilização, o caicoense é uma casta à parte. Os caicoenses típicos, dentro desse pequeno universo, formam uma etnia separada: aloprados, arretados, vexados, agitados, sinceros, quase amalucados, ricos em histórias engraçadas e de voz com tonalidade acima do normal. É justamente por isso, e por outras facetas, que me orgulho de também ter nascido em Caicó.

Por que o caicoense fala tão alto? Defendo a tese de que a culpada é a Festa de Santana. Por quê? Eu tenho a explicação. Anualmente, são sete dias de intensas atividades. Para aquela cidade afluem conterrâneos de todos os cantos do Brasil (e alguns até do Exterior). Bailes, festejos de rua, vários parques de diversões em atividade e uma balbúrdia extrema obrigam as pessoas a aumentarem, em alguns decibéis, o tom das suas vozes a fim de se comunicarem inteligivelmente. A festa termina e o caicoense não consegue mais abaixar o tom da voz até a próxima Festa de Santana. Esta é a minha tese. Certo ou errado, o que quero dizer aqui, como todos sabem, é que falamos excessivamente alto. E para exemplificar, vou contar duas historinhas.

Primeira. Certa feita, três casais, amigos entre si, foram juntos passear no Rio de Janeiro. Na Cidade Maravilhosa, logicamente, visitaram os seus pontos turísticos, que são inúmeros. Certa noite, os seis combinaram ir assistir a um show no Canecão. Um dos casais necessitava, antes, cumprir um compromisso isolado. Por isso, acertou encontrar-se com os demais naquela casa de espetáculos. Quando o casal retardatário chegou, o show já havia começado e ele não sabia onde encontrar os demais naquela imensidão. Quem conhece o Canecão, quem esteve lá, sabe quão grande e barulhento ele é. Entraram no recinto e passaram a procurar os demais, sem sucesso. Depois de certo tempo, um segurança, vendo a aflição dos dois, quis saber o que os angustiava. Os caicoenses então explicaram que estavam no Rio de Janeiro a passeio, e que se encontravam ali no Canecão procurando dois casais amigos que vieram do Nordeste com eles, e, devido àquela multidão, não os estavam encontrando. O segurança pediu-lhes que descrevessem as pessoas procuradas e assim eles o fizeram. Para surpresa deles, o homem perguntou:

– Seriam umas pessoas que falam muito alto?
O casal logicamente confirmou que sim.
– Eu sei onde eles estão – disse o segurança.
E tranquilamente os levou até onde estavam os conterrâneos.
Segunda. Em 2012, estive em Caicó, na Festa dos Ex-Alunos do GDS (Ginásio Diocesano Seridoense), ocasião em que autografei alguns exemplares do meu livro anterior “Minha Gente Engraçada do Seridó”. Levei a minha neta (8 anos) que ainda não conhecia aquela abençoada terra. No caminho, ela me surpreendeu com uma pergunta:
– Vovô! Lá em Caicó eu tenho que falar alto?
De antemão, sabendo o que iria acontecer ali, respondi:
– Quando chegarmos lá você decide.

A Festa dos Ex-Alunos, como vocês de Caicó sabem muito bem, ocorre sempre durante a Festa de Santana e é aquela grande e calorosa manifestação. O GDS já tem mais de 70 anos de existência, portanto naquela festa se reencontram pessoas que não se veem há muito tempo. Haja cerveja! Haja vinho! Haja beijos e abraços! Uma orquestra tocando alto. E tome mais vinho. E tome mais cerveja. Chega um determinado momento em que a galera só se comunica gritando. Se não gritar, não se faz entender. 
E a minha neta? Puxou-me pelo braço e berrou:
– Vovô! Eu tô gritando também!

*Ciduca Barros - escritor caicoense

domingo, 25 de janeiro de 2015

Caminhões mistos e sopas de Caicó



Como meio de vida o meu pai escolheu ser caminhoneiro. Foi com aquela atividade – transportando cargas e passageiros – que ele criou nove filhos, cinco com a minha mãe e os demais “fabricados” ao longo das estradas deste país. Em consequência dessa laboriosa e honrada profissão, durante meus anos de infância e juventude, vi desfilarem em nossas vidas inúmeros veículos das mais variadas marcas, modelos e anos de fabricação, dentre os quais tentarei relembrar de alguns.

O maior retrospecto que a minha memória consegue alcançar chega ao ano de 1944, quando meu velho comprou em São Paulo um caminhão Ford movido a “óleo cru” e que foi o primeiro deste gênero que chegou ao Seridó, exatamente em Caicó.

Recordo-me também de um caminhão, o Chevrolet 1945, conhecido popularmente como “Cara Suja” (a grade dianteira era preta) e “Canela Fina” (com um eixo diferencial delgado), cabina de aço (que meu pai mandou transformar em cabina de madeira com bagageiro externo na parte superior), faróis em cima dos para-lamas e sinaleiras nas laterais da cabina que, quando ligadas, saíam umas linguetas de dentro de uma caixa, que lembravam os olhos de um caranguejo. 

Posteriormente meu pai adquiriu um caminhão Chevrolet, ano 1946, este mais moderno do que o anterior, cognominado de “Cara Branca” (a tela dianteira era niquelada) e “Canela Grossa” (o diferencial com maior potência, mais engrenagens, mais grosso). Naquela época contava-se uma piadinha que dizia que um proprietário de dois caminhões, marca Chevrolet, um ano 1945 e outro ano 1946, escreveu nos para-choques: “O que ganho com o Cara Branca, gasto com o Cara Preta”. O delegado da cidade não gostou e mandou retirar aqueles dizeres dúbios. O proprietário retirou, mas em seu lugar escreveu: “O que ganho com o Cara Branca, continuo gastando”.

Por Ciduca Barros - escritor caicoense. 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Chaves - João Medeiros

Ironia ou sarcasmo...
Sua personalidade...
Personagem singular...
Mesclando ingenuidade...
Seu Madruga, irritando..
E o povo alegrando,
Os fãs de toda idade


quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Lembranças da Festa de Sant’Ana de Caicó - João Medeiros

Esse é nosso melhor clima,
Toda cidade se irmana.
No final do mês de julho,
Na sua última semana.
Seridó, todo se une,
Em homenagem à Sant'Ana

A nossa Caicó em festa,
Recebe os peregrinos,
Na Catedral, bate o sino,
Novena da padroeira,
Feirinha, na quinta-feira,
Leilão e a cavalgada,
Nossa festa mais amada,
Do Sertão do Seridó,
Que vem todo a Caicó,
Pra Procissão Aclamada!

No passado, o Parque Lima,
E o bom Rolete de Cana.
Mesada dos Nossos Pais,
Aquela Roupa Bacana.
Tudo isso, só se rimava...
Com a Festa de Santana.

Sant’Ana é tradição,
Encontro, Fé e Ternura.
É a Santa Confissão,
Perdoando a Criatura.
É o Povo do Sertão,
Fazendo a Bela União,
Da Santa Igreja e a Cultura!

Por seculos, no Seridó,
Sant’Ana é Tradição.
Esperança de um Povo,
Nos Passos da Procissão.
É a Fé da Criatura,
A Santa Igreja e Cultura,
“Um Mar” de Gente em União!

João Medeiros - poeta caicoense

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Rádios AM


Na década de 1950, Caicó com energia elétrica somente durante a noite, aqui está uma das nossas pouca diversões: ouvir o rádio (AM). Era num desses que nós nos regalávamos. O velho e pesado receptor a válvulas e com caixa de bakelite (alguns tinham caixa de madeira, e os cupins faziam a festa). Eram Philco, Philips, Standard Eletric, ABC. Eram nesses receptores jurássicos que nós ouvíamos as emissoras Mairinck Veiga, Tupi, Nacional e Globo (todas do Rio de Janeiro), a Bandeirantes de S. Paulo, Rádio Clube, de Recife e a nossa pioneira Rádio Poti. E o nosso futebol? Campeonatos cariocas e paulistas (meses depois víamos esses mesmos jogos no jornal cinematográfico Canal 100 no Cinema Pax de Clóvis Medeiros), transmitidos ou comentados por: Oduvaldo Cozzi, Fiori Giglioti, Waldir Amaral, Pedro Luiz, Mário Vianna (com 2 enes), João Saldanha e Luiz Mendes. Em 1958, foi num rádio desse que eu ouvi o Brasil se tornar Campeão Mundial de Futebol. Puxa, como o tempo corre rápido.

Por Ciduca Barros - escritor caicoense